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Coluna do Biáfora

Alucinada pelo Desejo

Por Rubem Biáfora, artigo selecionado por Sergio Andrade

Desde 1957 que o ator Sérgio Hingst tencionava dedicar-se também à direção. Em seus tempos de aluno de EAD já havia tido experiências de direção teatral, como parte de seu curso de ator. Mais tarde já na Cia. Cinematográfica Vera Cruz, e antes mesmo de estrear como impressivo ator de cinema foi, igualmente, assistente de produção, de direção e de câmara em filmes como “Floradas na Serra”, por exemplo. Na TV, teve ocasião de escrever e dirigir telepeças de 15 a 20 minutos, nos quais revelou um poder de imagem e uma queda para o intimismo e certo romantismo, que em vários pontos, em termos de vídeo é claro, aproximavam-no dos estilos cinemáticos do veterano Clarence Brown e do então ainda ascendente Joseph Newman. Em 1970 e 71, depois de haver decidido não dirigir os projetos que depois resultaram em um filme de Maurice Capovilla e outro de Astolfo Araujo, Hingst estréia agora com esta versão sensivelmente modificada do mesmo conto de Maupassant que já serviu de base a uma fita de Konstantin Tkaczenko com Mario Benvenutti e Kate Hansen (“Maridos em Férias, o Mês das Cigarras”) e outra em episódios no qual a intérprete feminina era Vera Fischer (“As Mulheres que Fazem Diferente”). Mas o motivo central do conto permaneceu: um “dandy” do século 19 (no original do escritor francês), um conquistador inveterado (no filme com Benvenutti) e um executivo solteirão mas plenamente “estabilizado” (no filme atual) é colhido nas malhas de uma sedutora e misteriosa jovem que lhe dá, não o golpe da “viúva que chora no cemitério” como no conto ou nos dois primeiros filmes, mas sim utiliza o estratagema da perda de “reserva de hotel”. O diretor já interpretou papéis semelhantes em sua longa e respeitável carreira no episódio de Khouri em “As Cariocas”, nos personagens centrais de “O Quarto”, “As Gatinhas”, “Ninfas Diabólicas”, e aqui lança como estrela uma nova atriz parecida com Hildegard Kneff, Christina Kristner. Ainda no elenco Pedro Stepanenko, Edward Freund, Luiz Mewes, Ciro Correia de Castro, Lidia Costa, etc. A verificar, claro.”

*Publicado originalmente no O Estado de S. Paulo de 25/03/79.



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